segunda-feira, 14 de junho de 2010

mulas

Em seu significado moderno comum, uma mula é o indivíduo fêmea, resultante do cruzamento de um jumento, Equus asinus, com uma égua, Equus caballus.

O macho resultante desse cruzamento é chamado burro ou mulo, enquanto a espécie é denominada muar. O cruzamento das mesmas espécies genitoras, porém invertidos os sexos (portanto, cavalo x jumenta), dá origem a um animal diferente, o bardoto.

Em Ingles a palavra mula pose ser traduzido como "ass" mas bem tambem pode ser um palavrao

A mula e o bardoto são, normalmente, chamados de bestas.

O termo besta (Latim bestia) refere-se a um "híbrido" estéril, resultante do cruzamento entre duas diferentes espécies.

Devido ao facto de o cavalo possuir 64 cromossomas, enquanto o jumento possui 62, resultando em 63 cromossomas, as mulas são, quase sempre, estéreis. São raros os casos em que uma mula deu à luz. Com efeito, desde 1527, data em que os casos começaram a ser arquivados, apenas 60 ocorrências foram registradas.

Índice

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Os cruzamentos

São raros os casos em que uma mula deu à luz. Desde 1527, data em que os casos começaram a ser arquivados, apenas 60 ocorrências foram registradas. Diz-se que um muar é um ponto final na biologia dos equídeos, um híbrido estéril que resulta do cruzamento entre duas espécies diferentes—os Equinos e os Asininos. Os romanos tinham um ditado a propósito de acontecimentos impossíveis: cum mula peperit, que é como quem diz, “quando a mula parir!”. Mas, existem casos isolados de mulas férteis. Ao todo, a História registra algumas dezenas de mulas férteis, no mundo inteiro. Os partos comprovados cientificamente não chegam a meia dúzia. Em Portugal, uma mula teve uma cria—fizeram-lhe análises citológicas, de DNA, testes de fertilidade e ganhou um lugar no pódio das raridades (Tereza Raquel, in Visão, 6 de Setembro de 2001). Uma mula Pampa, de 13 anos de idade, foi utilizada como receptora de um embrião de Equino, da raça Paint Hourse, em agosto de 2005, parindo em julho de 2006, no Haras Cafalloni, no município de Pindamonhagaba-SP, Brasil. Confirma-se, então, que—embora a grande maioria das mulas seja infértil—podem ser utilizadas como receptoras e têm habilidades maternas para cuidarem de suas raríssimas crias naturais ou artificiais.

Importância econômica e social

Desde a vulgarização dos motores a diesel, nos anos 40 e 50, os muares perderam terreno para os equipamentos motorizados, mas continuam a ser admirados pela sua capacidade e utilidade no trabalho, seja na zona rural ou no meio urbano, no transporte de turistas, transporte de cargas pesadas em regiões montanhosas e/ou de difícil acesso. Entretanto, não podemos aceitar de forma efetiva a desvalorização desses fantásticos animais ao longo da História do Brasil, até mesmo com afirmações infelizes, tais como: “As mulas estão marchando na contramão da História”, disse Geraldo de Macedo, Secretário de Agricultura de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, Brasil (Revista Época, de 26 de agosto, 2002).

Segundo Oliveira (2006), os muares são utilizados desde o Brasil Império, servindo de montaria para ir à cidade e para viagens distantes, podendo cumprir etapas diárias de até 40 km, sem esgotar-se. Sobre o lombo dos resistentes muares, transportavam-se alimentos, mercadorias diversas e, até mesmo, armas e munições. Seu papel foi mais extraordinário, ajudando a transportar, em dado momento, nossas ingentes riquezas: o ouro das minas, o açúcar dos engenhos e o café das fazendas (Vieira, 1992). No tropeirismo, tiveram importante papel na formação do Brasil, em específico no Rio Grande do Sul –- criando e mantendo núcleos urbanos que viviam isolados. Através do transporte (nos lombos dos burros e mulas) de produtos, como alimentos e utensílios, entre diferentes e distantes regiões, os tropeiros ajudaram a consolidar as fronteiras nacionais. Desde o início do século XVII, Vacaria Del Mar era conhecida e percorrida pelos tropeiros, sendo que estes contrabandistas de gado visavam abastecer as Minas Gerais. O tropeiro de gado foi responsável pelo fornecimento de animais para o corte, passando a objetivar os rebanhos de mulas (Goulart, 1962). O tropeirismo foi uma atividade econômica desenvolvida no sul do Brasil. Com a descoberta de grandes jazidas de ouro nas regiões de Minas Gerais, no Século XVIII, o gado muar, encontrado nos campos sulinos, passou a suprir a necessidade de meio de transporte.

Segundo Goulart (2001), a utilização do muar como animal de sela nunca chegou a ser regular e nem muito intensa: sempre se resumiu a casos de absoluta necessidade; inclusive é tido como o animal nobre, amigo, fiel ao homem, o muar, por sua vez, é muito hábil, inteligente mesmo de pessoas de ínfima condição financeira, mas que, tão pronto podiam, adquiriam seu cavalo de sela, desprezando a nobre “mula de patrão”.

Nos dias atuais, os muares ainda são de muitíssima utilidade, desde a coleta de materiais recicláveis nas cidades, no transporte de forrageiras, na retirada de areia em rios, no transporte de materiais de construção, no transporte alternativo, na agricultura familiar e no turismo, reforçando em um percentual importante a economia brasileira. Na atualidade, os muares são utilizados nas cavalgadas e nos concursos de marchas na região Sudeste, onde os animais têm uma valorização comercial acentuada (Andrade, 1999 b).

Impacto ambiental

Segundo Oliveira (2006), a alimentação é um dos fatores que mais prejudicam a produção de muares no Brasil. A eles são reservadas as piores pastagens e, mesmo quando sobram forragens, as éguas e jumentas não recebem suplementação alimentar em épocas de estiagem. Afirma ainda que a maioria dos criadores de muares está preocupada em fornecer uma melhor alimentação, tanto nos períodos das águas, quanto nos períodos de estiagem, possibilitando, assim, melhores condições corporais aos animais em gestação, melhor desenvolvimento fetal, maior produção das éguas e jumentos, e consequentemente, um melhor e maior desenvolvimento dos potros.

No entanto, no meio urbano, essas afirmações vão na contramão das condições da realidade social, pois criadores de muares para fins de sobrevivência, declinam de conhecimentos zootécnicos e financeiros para manterem esses animais em boas condições na lida do dia-a-dia. Com isso, eles (os muares) ficam relegados a serem apenas ferramenta de trabalho, sem instalações apropriadas e, quando doentes, são abandonados. Sem tratos, abandonados e sem alimentação, vão à busca de alimento nos lixões das cidades. Com o abandono dos muares e dos jumentos, especificamente, o homem da roça, suprime o animal das condições básicas de sobrevivência: alimento e água. Sem local seguro, passaram a viver e perambular pelas estradas – risco constante de acidente—pelas periferias e ruas das cidades.

À procura de comida, os animais devoram tudo o que encontram; comem plantas, papéis, sacos plásticos e outros achados consumíveis. A ausência de comida e água para o consumo é um componente fatal, que os leva à morte.

[editar] Pluralidades

A Lei n.º 7.291 de 19 de dezembro de 1984, dispõe sobre as atividades da Equídeocultura no País, e dá outras providências. No Capítulo I - Da Conceituação; Art.2.º - A criação de equídeo no Território Nacional compreende as medidas consideradas necessárias ao desenvolvimento das atividades agropecuárias, militares e desportivas, bem como de interesse para a economia nacional. - Parágrafo único. As medidas de incentivo às atividades agropecuárias, inclusive financiamentos e isenções fiscais, abrangerão os equídeos de qualquer natureza. A Pluralidade Cultural é um dos temas transversais propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/MEC). Como a sociedade brasileira é formada por diversas etnias, a pluralidade cultural é um tema especialmente importante. O desafio é respeitar os diferentes grupos e culturas que compõem o mosaico étnico brasileiro, incentivando o convívio dos diversos grupos e fazer dessa característica um fator de enriquecimento cultural econômico.

Nesses contextos, damos ênfase à importância econômica e à pluralidade cultural, pois, desde o Brasil Império, os muares estão presentes no transporte de alimentos, nas cavalgadas, feiras de exposição, concursos de marchas, romarias religiosas, no esporte, lazer e estudos científicos. Em todas as modalidades e serviços, o interrelacionamento e as misturas de culturas reforçam essa pluralidade, pois, em todas as modalidades (Olivera, 2006), tipos e serviços em que os muares são utilizados, observam-se excelente desempenho produtivo, além da geração de milhares de empregos e riquezas, nas fabricas de insumos, de selarias, de carroças, implementos agrícolas, na lida com o gado e no transporte de variadas cargas.

Por fim, a importância econômica dos muares, não é desprezível para o desenvolvimento do país, mesmo em pleno século XXI, com todas as suas tecnologias. É preciso que sua importância seja vista e revista, pois, no lombo dos Muares a economia do País caminha a passos firmes como é de suas características.